Na edição desta semana, a Capivara foi ao culto do pai do deputado Nikolas Ferreira e mergulhou no legado do trator Newton Cardoso, que atropelou a política mineira com poder, fortuna e polêmicas.
Uma noite no culto do pai de Nikolas Ferreira
Na entrada da igreja evangélica Graça & Paz, no bairro Vista Alegre, região oeste de Belo Horizonte, um cardápio exibe os preços de onze livros. Nem todas as obras estão disponíveis para venda, mas duas se destacam: O Cristão e a Política e Criando Filhos para o Amanhã, ambos de autoria do deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
Na obra sobre educação infantil, o nome do deputado aparece ao lado de Ruth Ferreira e do pastor Edésio de Oliveira, seus pais. Entre os outros títulos comercializados estão:
Feminismo: Perversão e subversão (escrito pela deputada estadual do PL de Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo)
A mentalidade anticapitalista (de Ludwig von Mises)
Geração pornô (de Ben Shapiro)
Cartas de um diabo (de C. S. Lewis)
A igreja comporta cerca de 500 cadeiras, mas menos de 50 pessoas comparecem ao culto na noite da última quarta-feira (05). Primeiramente, uma mulher sobe ao altar, faz breves orações e canta dois louvores, acompanhada por um arranjo eletrônico. As letras das músicas são projetadas em um telão, como em um karaokê.
O galpão é impecavelmente limpo, com paredes pretas e chão cinza, combinando com as cadeiras e os detalhes do altar. Oito aparelhos de ar-condicionado estão estrategicamente distribuídos pelo ambiente. Uma cruz branca com iluminação de LED destaca-se à direita do púlpito, ladeada por três bandeiras: Israel, Brasil e Minas Gerais.
Os louvores terminam e um homem baixo, com pouco mais de 1,60m, sobe ao altar. De calça jeans justa, tênis discretos e camisa de malha da igreja, ele inicia sua pregação. Transmite simpatia e gentileza. Seu tom de voz é sereno e ele acolhe os novatos no recinto sem constrangimento.
Ele inicia a pregação citando um trecho da carta de Paulo aos Romanos, projetando frases no telão para enfatizar a importância da obediência. Em determinado momento, defende que, em situações extremas, palmadas são necessárias para disciplinar crianças.
Tal afirmação contraria a Lei da Palmada, sancionada pela então presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.
O tema remete ao livro que o pastor escreveu com a esposa e o filho, lançado com alarde na Bienal de São Paulo em 2024. "Escrevemos este livro para, se Deus quiser, ser uma referência de educação conservadora para as crianças no nosso país", disse o deputado em entrevista à Folha de S.Paulo.
O pastor Edésio iniciou sua carreira como office-boy na Fiat e, ao longo dos anos, alcançou cargos de destaque na New Holland, chegando a trabalhar na França. Durante anos, conciliou a vida profissional com a missão pastoral na Assembleia de Deus, antes de fundar sua própria igreja.
Quase ao fim do culto, ele alerta sobre os perigos dos sites de apostas. Pede que os presentes evitem as "bets", como são chamadas as plataformas que proliferam na internet.
Curiosamente, entre os financiadores da campanha de seu filho estão influenciadores que promovem o "Jogo do Tigrinho", como revelou o observatório De Olho nos Ruralistas, que analisou as doações recebidas por Nikolas. Um dos doadores é Mayk Santos de Souza, dono de um canal no YouTube que ensina "como ficar milionário" jogando. Souza doou R$ 10 mil para a campanha de Nikolas em 2022.
Antes do encerramento, o pastor pede contribuições para o dízimo. Em cada cadeira, estão impressos os dados bancários da igreja, incluindo CNPJ e número de telefone para transferências via Pix.
Naquela noite, o pastor não mencionou diretamente política, nem citou o filho, que, por outro lado, é onipresente em suas redes sociais.
Mas nem sempre é assim. Esta Capivara de Paletó assistiu a vídeos de cultos antigos postados no canal da igreja no YouTube. Durante essas pregações, o pai do deputado criticou a linguagem neutra, o feminismo e o movimento LGBTQIA+, considerados ameaças aos valores cristãos tradicionais. Rejeitou a descriminalização do aborto e se posicionou contra a liberação das drogas.
O pastor também atacou a mídia tradicional, especialmente a Rede Globo, acusando-a de propagar desinformação. Demonstrou ainda apoio irrestrito ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem admira como defensor dos valores cristãos.
Em outubro de 2023, a igreja recebeu a visita de Bolsonaro. "Enquanto estive à frente do Executivo, não se falava em avançar propostas como aborto, liberação da maconha, marco temporal ou relativização da propriedade privada", disse o ex-presidente, posicionado entre o pastor e o deputado no altar.
Nikolas Ferreira começou sua militância aos 17 anos, quando se indignou com uma prova de sociologia que abordava a transgeneridade. Considerou a questão uma "apologia do ativismo gay" e publicou um longo texto no Facebook, que chamou a atenção de figuras da direita, como Ana Caroline Campagnolo e a família Bolsonaro.
Com a ascensão da extrema direita, Nikolas se tornou assessor parlamentar. Dois anos depois, foi eleito vereador e, no meio do mandato, aclamado como o deputado federal mais votado da história do Brasil, com 1,5 milhão de votos.
O antropólogo Juliano Spyer, ao analisar os jovens brasileiros do século XXI, destacou a importância de estudar a estratégia de Nikolas Ferreira para além de seu domínio da internet:
Filho de pastor, retórica é uma disciplina acessível a ele desde cedo. Ele também encapsula valores e sonhos de superação de muitos jovens periféricos hoje. Em um contexto em que as esquerdas vêm envelhecendo e se distanciando do Brasil real, Nikolas já está trazendo outros jovens para a política.
Ao sair do culto, pedem que eu deixe meu nome e telefone. Como brinde, recebo um bombom Ouro Branco.
Armadilha identitária
Estrela principal da extrema-direita mineira, o deputado Nikolas Ferreira faz escola entre seus pares. Um exemplo disso pôde ser observado no início dos trabalhos da Câmara Municipal de Belo Horizonte nesta semana.
Um projeto de lei da vereadora Flávia Borja (DC), que proíbe pessoas trans de participarem de eventos esportivos com base no gênero com que se identificam, foi aprovado em primeiro turno com 25 votos favoráveis, 11 contrários e 4 abstenções.
Durante a votação, manifestantes protestaram e foram retirados com violência das galerias pelos seguranças, que agiram sob ordens do presidente da Câmara, vereador Juliano Lopes (Podemos).
O projeto não busca solucionar um problema real, mas sim mobilizar a base conservadora e empurrar a esquerda para um debate que a fragiliza diante da opinião pública moderada.
O meme postado pela vereadora Iza Lourença (PSOL) captou bem a essência do projeto de lei. Resta saber se a esquerda conseguirá escapar dessas armadilhas, que tanto benificiam os políticos da extrema-direita.
O bilionário baiano que ‘tratorou’ a política mineira
Morreu no domingo (2), aos 86 anos, o ex-governador Newton Cardoso (MDB), último representante da velha guarda da política mineira. Levou consigo meio século de histórias, algumas delas parte do anedotário politico.
Newtão, como era conhecido pelo seu estilo superlativo, foi protagonista por quatro décadas. Fez fortuna combinando a política com sua carreira empresarial em diversos setores. Também movimentou a mídia mineira, criando um jornal e rompendo a hegemonia do Estado de Minas.
Newton Cardoso nasceu em Brumado, município baiano conhecido por suas jazidas minerais. Aos 16 anos, mudou-se para Contagem para trabalhar na Magnesita, empresa com instalações em ambas as cidades. O emprego veio por intermédio de sua mãe, Dezinha, dona de um cartório no interior baiano. Durante a faculdade, engajou-se no movimento estudantil e, em 1972, aos 34 anos, foi eleito prefeito de Contagem.
Seguiu no poder, ocupando diferentes cargos ao longo das décadas seguintes. Foi deputado federal por três mandatos e eleito prefeito de Contagem duas vezes, nos anos 1980 e 1990. Seu auge político veio em 1986, quando venceu a disputa pelo governo de Minas Gerais. Ficou à frente da chapa formada por Itamar Franco, que anos depois se tornaria presidente, e do candidato a vice, Aécio Cunha — o pai de Aécio Neves.
Governou entre 1987 e 1991 e sofreu forte oposição do Estado de Minas, jornal que em sua história quase centenária sempre teve um viés governista. Ao assumir, Cardoso cortou o pagamento antecipado da gorda verba de publicidade paga pelo governo mineiro ao jornal, que, em resposta, intensificou as denúncias contra ele, expondo denúncias de irregularidades em seu governo e aspectos de sua vida pessoal.
Em retaliação, Cardoso proibiu a distribuição do Estado de Minas por veículos oficiais do governo (sim, pasmem, isso acontecia) e criou um jornal, o Hoje em Dia, em novembro de 1988.
O Hoje em Dia chegou todo modernoso ao mercado, com páginas coloridas, uma equipe recheada de jornalistas experientes e muita grana de publicidade do governo mineiro, que também passou a irrigar os cofres de outros concorrentes do EM.
O jornalista Sebastião Breguez contou um pouco dessa treta em um artigo publicado em 2015, no Observatório da Imprensa:
A guerra Estado de Minas vs. Newton Cardoso começou e acabou virando caso de polícia e de baixaria. O jornal fez reportagens mostrando que Newton era truculento e estuprador. Newton retrucou com matérias pagas em outros jornais escancarando o processo de separação conjugal de Camilo Teixeira da Costa ( então diretor do Estado de Minas), por este ter sido encontrado por sua esposa em plena intimidade com um funcionário em sua residência em Santa Luzia, na Grande BH.
Esta Capivara conversou com alguns jornalistas que atuaram na gênese do Hoje em Dia. Primeiro sob o comando de Wander Piroli (aliás, leiam os livros dele, sobretudo Minha bela putana - Editora Papagaio, 2004) e depois sob a batuta de Herval Braz (que foi casado com Andréa Neves, a irmã do Aécio).
O Hoje em Dia era governista, mas sem parecer descaradamente chapa-branca. Entre reportagens neutras, apostava em inovações gráficas e uma cobertura cultural moderna, chegando a patrocinar a estreia da peça Dona Doida, estrelada por Fernanda Montenegro, no final dos anos 1980.
Contudo, na cobertura política o alinhamento com o dono era evidente. Newtão visitava pouco a redação, geralmente no fim da noite, quase na hora do jornal ser despachado para a gráfica. Durante a campanha eleitoral de 1989, o Hoje em Dia apoiou Fernando Collor contra Lula.
Prestes a deixar o governo mineiro e sem o advento da reeleição, Cardoso vendeu o jornal para o grupo da Igreja Universal do Reino de Deus, também dona da TV Record.
Newton Cardoso, no entanto, tinha outros negócios para administrar.
Sua ex-esposa, Maria Lúcia Cardoso, estimou seu patrimônio entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões durante o processo de divórcio em 2006, considerando os valores da época. Tudo foi detalhado em reportagem publicada na revista Veja. Entre seus bens, destacavam-se 145 fazendas, 16 empresas no Brasil, seis empresas sediadas em paraísos fiscais, uma praia particular na Bahia, além de aviões, carros e imóveis em Nova York e Paris, incluindo um hotel.
Seus negócios incluíam a Companhia Siderúrgica Pitangui — grande produtora de ferro-gusa —, a fábrica de sucos Goody, a empresa de logística RR e a Rio Rancho Granitos e Mármores, além de investimentos no setor de reflorestamento e pecuária. Ele também possuía usinas termelétricas e uma praia de quatro quilômetros em Nova Viçosa (BA), onde planejava construir um resort com a maior piscina de água doce do mundo.
Após a publicação da reportagem, Cardoso chamou a ex-esposa e a revista de mentirosas. Convocou os jornalistas para uma entrevista coletiva e disse que sua fortuna era bem maior. Pontuou que tinha mais fazendas, mais aviões, mais carros e mais dinheiro do que a revista publicou. A Rádio Itatiaia relembrou esse episódio com trechos da entrevista (começa aos 3’07”).
O que permaneceu sem explicação foi o fato de ele ter declarado um patrimônio de “apenas” R$ 12,7 milhões à Justiça Eleitoral em 2006, último ano em que foi candidato e eleito deputado federal.
Naquele período, já vivia seu declínio político. Pouco antes, entre 1999 e 2003, voltara à ribalta, sendo vice-governador de Itamar Franco — o mesmo que havia derrotado na década de 1980.
Ao fim do governo, disputou novamente o Palácio da Liberdade, mas sofreu uma derrota esmagadora. Aécio Neves venceu no primeiro turno com 58%, seguido por Nilmário Miranda (PT), que obteve 30,7%. Cardoso ficou em terceiro lugar, com apenas 6,7% dos votos válidos.
Quando era vice-governador, uma amiga repórter recorda-se de estar n Palácio das Mangabeiras, quando Cardoso irrompeu ali em meio ao reportariado. Era junho de 2002 e o Banco Central havia acabado de lançar as cédulas de R$ 20. Com um bolo das novas notas na mão, ele jogou para o alto distribuindo o dinheiro.
Outro amigo repórter, com familiares em Pitangui, conta que seu tio era pedreiro e trabalhava em uma obra numa das fazendas de Cardoso, a Rio Rancho, localizada na cidade do centro-oeste mineiro. O político desceu do helicóptero e foi conversar com os peões que estavam sentados almoçando. Estendeu a mão em formato de concha e pediu um pouco da comida. Elogiou o tempero e repetiu o gesto com os outros.
Seu estilo pouco convencional gerava muitas críticas e abria espaço para o deboche. Uma anedota frequentemente repetida pelos seus opositores dizia que, quando foi governador, ele ficou bravo ao visitar uma cidade dos Estados Unidos e se deparar com uma faixa escrito: “Welcome Newton Cardoso”. Quando recebeu a visita de volta do prefeito norte-americano, mandou fazer uma faixa: “Newton Cardoso come Wel”.
Certa vez surgiu na redação do Estado de Minas a notícia de que Cardoso havia arrematado em um leilão judicial o antigo Hotel Sol, localizado na rua da Bahia, no centro da capital. Esta Capivara trabalhava lá como repórter da editoria de Economia e ligou para o ex-governador.
Ele confirmou a compra. Questionei sobre o valor, pois era muito próximo à soma do patrimônio que ele havia declarado à Justiça Eleitoral, na última vez que tinha sido candidato. Perguntei se ele não ficaria descapitalizado. Ele riu da minha cara. Insisti no questionamento, ele seguiu debochando e a entrevista acabou.
Poucos minutos depois, um subeditor me chamou, com o rosto tenso. Com a mão tampando o gancho do telefone, sussurrou que o Newton Cardoso queria falar comigo.
O ex-governador tinha um complemento a fazer. Havia esquecido de contar que agora ele era meu patrão, pois tinha comprado cotas do condomínio dos Diários Associados, que controlava o Estado de Minas.
Desligo, repasso a informação para a chefia, que sai pisando com passos ligeiros a caminho da sala da direção e retorna com a confirmação da compra. Foi mais uma provocação de Cardoso, pois a aquisição nunca deu a ele poder de decidir nada nos Diários Associados.
O tom provocador, aliás, fica evidente em uma das últimas entrevistas longas que ele concedeu, em 2019, logo após lançar um polêmico livro, quando disparou ofensas e baixarias contra políticos de diversas matizes ideológicas.
O primeiro alvo foi, mais uma vez, o Estado de Minas. Disse que só tinha uma pequena parte do jornal e que não ligava para as ações, pois: “não é homem de jornal quebrado”.
Sem ser questionado, contou que acabara de sair de um encontro com o então governador Fernando Pimentel (PT) e criticou o almoço servido, classificando o como “vagabundo”, pois o estado estava quebrado. Comparou com sua gestão, quando, segundo ele, eram servidas feijoada e carnes gordas no Palácio.
Depois atacou Aécio Neves e outros integrantes do PSDB. “Corruptos, desonestos e ladrões”, disse na entrevista transmitida ao vivo.
Na ocasião, comentou sobre outros candidatos a presidente. Magoado com Michel Temer, que estava no poder, mas preteriu o filho dele, o deputado Newton Cardoso Jr. (MDB) para uma vaga no ministério, disse que entre seu correligionário e Jair Bolsonaro, escolheria o capitão da reserva.
Sobre Marina Silva afirmou: ”Não creio em mulher amarela lá do Acre”. A respeito de Ciro Gomes comentou: “Uma bichona danada, Santa Maria, chega a balançar de bicha”. Essas e outras baixarias podem ser assistidas no link abaixo:
Newton Cardoso foi velado no Palácio da Liberdade e cremado em Contagem. O presidente Lula (PT), o governador Romeu Zema (Novo) e até o deputado federal Aécio Neves (PSDB) — tão atacado por Cardoso nos últimos anos - publicaram notas de pesar.
“Ele tinha um apelido que era ‘Newton, o trator’. Ele mesmo brincava: ‘eu vou demolir muita coisa e vou reconstruir muita coisa’ ”, disse a prefeita Marília Campos (PT), durante o velório.
Pré-candidato ‘ozado’
Quem está de olho na cadeira que já foi de Newtão é o atual vice-governador Mateus Simões (Novo). E não se surpreendam se, nos próximos dias, ele surgir tocando xequerê na bateria do Então, Brilha! ou desfilando de baiana no Baianas Ozadas. O homem virou arroz de festa!
Cumprindo uma agenda que já tem cara de campanha, Simões representou Romeu Zema no lançamento da programação do Carnaval, batizada de "Carnaval da Liberdade e da Tranquilidade".
Aliás, as gravações do programa Palavra Cruzada, da Rede Minas, foram retomadas e, adivinhem só quem será o primeiro entrevistado? Acertou quem disse Mateus Simões.
Sequestro da pauta
Curioso notar como setores da direita se apropriaram da festa na capital mineira, cuja gênese está associada a movimentos políticos ligados à esquerda. Boa parte, aliás, dos outrora combativos bloquinhos agora bate tambor para o poder constituído. Talvez os polpudos patrocínios de cervejarias modulem a ideologia de foliões.
Poesia numa hora dessas
Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: deem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei, feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.
(Vinícius de Moraes)
Saiu da moita
Cada vez que um colunista político de algum jornal mineiro cita a frase de Magalhães Pinto para explicar a conjuntura, um panda despenca de uma árvore no leste da China e duas capivaras saem no tapa em Curitiba. A saber:
“Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.”
Preço desculpas aos pandas e às minhas chapas capivaras, mas recorro ao clichê para tratar do senador Rodrigo Pacheco (PSD), que deixou a presidência do Senado e, enfim, saiu da moita. “Quem está na política que não diz que tem o sonho de governar o próprio estado, não está dizendo a verdade”, disse ele no discurso de despedida.
O presidente Lula reforçou, em entrevista a três veículos mineiros na última quarta-feira (5), seu desejo de apoiar Pacheco em uma aliança de centro contra os candidatos da direita. No páreo, estão o vice-governador Mateus Simões (Novo) e, pelo campo da extrema-direita, o mais provável nome: o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), que já conta com a bênção de Nikolas Ferreira (PL) e dos próceres do bolsonarismo.
Não deixe de escutar
O diplomata e escritor Alexandre Vidal Porto é o convidado do podcast Fio da Meada, da Rádio Novelo. Na entrevista, ele discute como servidores públicos comprometidos com o verdadeiro significado da carreira são impactados por governos de extrema-direita, como os de Trump e Bolsonaro. A conversa também aborda suas experiências no Itamaraty, aspectos de sua trajetória pessoal como escritor e homem gay assumido, além de trazer uma reflexão inspiradora sobre o uso do privilégio como ferramenta para transformar o país para melhor.
Excepcionalmente, a coluna da Capivara de Cropped não será publicada esta semana. Nossa capivara está atolada de afazeres e, como vocês merecem sempre o melhor, preferimos dar uma pausa para voltar com tudo. Afinal, só a arte, as boas risadas e a literatura são capazes de espantar as coisas ruins. Fiquem tranquilos, que logo, logo ela está de volta!